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O céu é aqui! | Contos de Península de Maraú, por João Guilherme

Era perto das 5 da manhã –  cansaço me dominava, afinal tinha passado a noite em claro. Abri o olho beem devagarinho e recebi um presente de Deus: o dia nascendo sob um mar de nuvens a 20 mil pés de altitude. Agradeci, agradeci e agradeci.

Em seguida, o comandante informou: tripulação, preparar para o pouso.

Em 2019, a Labadee ganhou um prêmio de vendas, que seria entregue em uma viagem ao Marrocos no ano seguinte. Por conta da pandemia, a viagem foi cancelada 2 vezes e, então, aconteceria no Transamérica Comandatuba, na Bahia. 

Aproveitei o embalo e quatro dias antes fui conhecer a Península do Maraú, naquele velho e delicioso papo de viajar sozinho – já experimentou?? Se sim, me conta. Se não, go for it.

Península de Maraú

Com praias semi desertas de areias branquinhas, a Península de Maraú é uma das áreas mais preservadas da Bahia. Cercada por praias desertas e outras mais movimentadas, o destino é perfeito para quem ama sol, praia, calor e muito sossego! Graças ao acesso restrito, o lugar é super conservado, o que torna a viagem ainda mais íntima. 

Localizada na região da Costa do Cacau, a região é uma das mais visitadas pelos turistas e é famosa pelas belíssimas paisagens e claro, pelas obras eternizadas do escritor Jorge Amado. Se você busca por um mix de aventura e diversão com muito sossego e calmaria, Maraú é o lugar ideal!

Quando fui ao Jalapão em maio deste ano, conheci uma galera muito legal e resolvi compartilhar a foto do nascer do sol no grupo e contar para a turma que estava indo para Marau. Rapidamente a Ana me responde: João, também estou indo para lá agora! Estávamos no mesmo voo. 😱

Uma amiga minha, a Cris, esteve nessa viagem recentemente e foi picada pelo bichinho off-line do Jalapão (veja relato sobre minha viagem pra lá clicando aqui) e, na hora, mandei pra ela: Cris, você não acredita! Encontrei uma amiga do Jalapão no voo! Ela me responde: isso tem um porquê! Viva essa coincidência! É para você se conectar exatamente com aquele João que viajou pro Jalapão.

Isso entrou na minha cabeça, aproveitei o voo de sampa para Ilhéus para capotar e praticamente acordei na Bahia.

Chegando na Bahia

O calor das 10 da manhã era absurdo. Retirei o carro alugado e já parei em um posto para comprar água para me hidratar. A mensagem da Cris não saía da cabeça.

Como em um déjà vu, me veio a ideia de chegar na pousada sem GPS! Seja bem-vindo, modo avião! Hahaaahhaah

Eu queria sair do comodismo, do óbvio, queria que o acaso me protegesse enquanto eu estivesse distraído! 

Tratei de ligar a minha melhor playlist. Sabe aquela que só tem as músicas que você canta inteira!? Passei de Face to Face a Cazuza, de Rivets a Causing Effect, não esquecendo de Foo Fighters e o querido Sir Paul McCartney. E toquei-lhe pau. 

Sabia que Maraú era para o norte do Estado, então me orientei pelo sol e perguntei para um tio no sinaleiro: buenas, é aqui que vai para Maraú? É sim!! A cada 20 minutos parava para fazer um check point e confirmar se estava no caminho certo. Sabia que poderia ter que fazer a volta algum momento e estava confortável com aquilo. Incrível o que a força de um modo avião de celular e a sua playlist favorita fazem. Uma sensação gostosa de pertencimento passava a me dominar e em 20 minutos já não tinha mais voz.

Eu sabia que em algum momento eu teria que virar para o oeste para dar a volta na península e chegar de carro até lá. Só não sabia onde! 

Em 2010, fui para Itacaré e me veio à memória um suco de cupuaçu que tomei e estava maravilhoso. Eu lembrava que era antes de uma rotatória e depois da praia do hawaizinho – era o suficiente para eu achar! Estava disposto a encontrar aquele lugar e saborear um suco natural. Achei de primeira. E a Claudia me sugeriu a tapioca nordestina e o suco de mel de cacau. Obviamente não hesitei. Tinha um casal comendo também e logo tratei de puxar conversa (coisa que não faria se estivesse com o celular na mão). E pasmem (olha o acaso ae geenti): eles estavam vindo da pousada que eu estava indo, tratei de anotar o caminho todo na cabeça e toquei em frente. 

Tinha mais quase 2 horas de viagem, em sua maioria de estrada de chão. A turma alertou: cuide com os buracos e, se chover, pode complicar. 

Tenho uma boa noção de boleia e já tinha passado algumas experiências nas dunas do Farol de Santa Marta. Assim que atingi a estrada de chão, encostei, murchei um pouco os pneus e sentei a púa sem medo. Eu estava felizão, curtindo aquele momento. Eu comigo mesmo! Em um grupo de amigos, quando alguém está fazendo algo muito massa e manda nos grupos, temos o hábito de dizer que o céu, para aquela pessoa, é aqui – no caso, na Terra!! Ahhaah 

E para mim, de fato, era o meu céu naquele momento!  Sozinho, amarradão e indo para Maraú ficar em uma pousada animal. Estava completamente feliz com a minha companhia!

Nesta semana, um amigo levantou um assunto importante na sua rede social: FOMO! Já ouviu falar disso!? Fear of missing out! É o ato de não querer perder nada, de estar sempre em todos os eventos com a galera, mesmo que, às vezes, você nem queira. É um assunto bem sério, sobre o qual pouca gente fala, mas durante a semana discutimos sobre isso e foi legal. 

Eu cheguei à seguinte conclusão (errado ou não): querer estar em tudo o tempo todo pode ser porque você não gosta da própria companhia!! 😱 Já parou pra pensar nisso!? Delicado, não!? 

E o seu céu, é aqui? 

 

Este texto não tem objetivo de promover algo, é apenas uma crônica.

Se você se achou no meu relato e quer comentar algo ou ficou com alguma dúvida e tem dicas ou sugestões, é só gritar aqui: joaoguilherme@labadeetour.com.br

Um forte abraço,

João Guilherme Rebellato