Localizada no sudoeste da Jordânia, Petra é um sítio arqueológico com paisagens de tirar o fôlego. Foi lá que Maysa Ceriolli realizou um de seus sonhos, sobre o qual ela comenta em mais um relato da série “Contos de Viagem”. Acompanhe!
Entre os muitos sonhos de lugares distantes a conhecer, Petra era um deles. Desde o dia em que li sobre essa cidade em um texto da Seleções Reader’s Digest do meu tio Zeca, o desejo de passear lá ficou latente. Nessa leitura dos tempos de pré-adolescência, eu via ilustrações desenhadas que deixavam ainda mais longínqua e surreal a possibilidade de estar lá.
E eu sabia onde ficava a Jordânia? Claro que não! Em tempos pré-Google, restava o globo que havia sido da minha mãe, dos meus tempos de ginásio (melhor nem citar datas). Amarelado pelo tempo, ele era girado desesperadamente por mim até que eu descobrisse a posição geográfica pesquisada.
A vida passou e, com ela, Petra ficou guardada em algum escaninho da memória ao qual não tive acesso até que ressurgiu um herói: Indiana Jones! Que ressurgimento fantástico e não menos mágico das ilustrações lúdicas daquele texto. Pronto, não esqueci mais a cidade dos nabateus. Edifícios esculpidos no arenito das montanhas de uma área que já foi submersa no mar. No meio do deserto, com cânions, vales e montanhas coloridas, o lugar é o paraíso para arqueólogos e turistas fascinados por história.
Petra já havia sido liberada ao turismo pelo falecido rei Hussein e seu filho Abdullah já reinava. Uma viagem encaixada em outra e, pronto, lá estava eu!
Cena de cinema
Nevou durante todo o trajeto, de Aman até Petra, afinal, era janeiro. Ônibus eram impedidos de continuar pelo policiamento rodoviário. Sorte a minha estar em um automóvel, com guia experiente o bastante para seguir viagem.
Hospedada no mesmo hotel onde ficaram Steven Spielberg, George Lucas, Harrison Ford e Sean Connery durante as filmagens de “Indiana Jones e a Última Cruzada”, amanheci com a ansiedade em nível estratosférico.
Iniciei a descida ao desfiladeiro Siq, de 1,2 km de extensão e 80 m de altura, com um guia local exclusivo e pouquíssimos turistas em volta, em um dia frio mas ensolarado. Não nevava mais e, a cada passo, um turbilhão de dados históricos que eu já tinha pesquisado era somado às explicações do guia. Além disso, a paisagem deslumbrante aumentava a sensação de não estar na realidade.
As ruínas pelo caminho, o colorido das formações geológicas e o ir e vir dos beduínos aumentavam a expectativa do que eu sabia que existia no estrangular do desfiladeiro: a visão com a qual sonhei há tanto tempo! A todo instante, o guia procurava por inscrições nas ruínas, figuras de animais nas rochas, etc. Eu já estava ficando irritada com aquilo, mas havia um propósito.
Em determinado trecho, ele indicou um ponto no alto do desfiladeiro. Para isso, fiquei praticamente de costas para a direção em que caminhava. Repentinamente, ouvi a música tema do filme de Indiana Jones. Ao me virar na direção de onde saía o som, que vinha do celular do guia, dei de cara com o Treasury!
Não consigo descrever a emoção do momento. Chorei, gritei e bati palmas. O escândalo foi tanto que o guia quis saber o motivo. Por quê? Ora, meu Deus! Para ele, beduíno, nascido e criado ali, era tudo muito normal e corriqueiro. Mas como não aflorar todos os sentimentos da realização de um sonho embalado por tanta magia? Foi um misto de história real milenar com Hollywood.
Paisagens magníficas
Al-Khazneh (ou Treasury) foi mostrado no filme e data do século 1 a.C.. Trata-se de um mausoléu real, com uma fachada helenística que mede 43 m de altura por 30 m de largura. Ad-Deir (ou Monastery) é outro mausoléu da região, que fica no alto, alcançável somente após a subida de 843 degraus. Para não alongar, a cidade poderosa era rota de caravanas em direção ao Mar Vermelho ou ao Mediterrâneo. Ela pertenceu ao Império Romano e foi utilizada como forte pelos cruzados no século 12, mas se perdeu no tempo até ser redescoberta no século 19.
Patrimônio Mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) desde 1985, Petra foi descrita como “uma cidade rosa e vermelha tão velha quanto o tempo” ou “uma das mais preciosas propriedades culturais da herança cultural do homem”. Ela foi nomeada como uma das Novas Sete Maravilhas do Mundo em 2007 e também foi escolhida pela revista Smithsonian como um dos 28 Lugares para Ver Antes de Morrer.
E assim é andar por aí atrás de um sonho, com um passaporte, muita curiosidade e vontade de bater perna!
Ficou empolgado para conhecer a Jordânia? Se você deseja compartilhar experiências que teve conosco em destinos incríveis, mande seu relato para nós!