“Nossa, eu amei o Marrocos, voltaria várias vezes.”
“João do céu, não gostei de nada, nem da comida…”
O grande viajante e sábio Amyr Klink já disse: “Um homem precisa viajar para lugares que não conhece para quebrar essa arrogância que nos faz ver o mundo como o imaginamos, e não simplesmente como é ou pode ser; que nos faz professores e doutores do que não vimos, quando deveríamos ser alunos, e simplesmente ir ver.”
Não é fora do comum ouvir amigos, familiares e conhecidos falarem o que acham das suas viagens. Todos têm uma opinião sobre o que mais gostou e o que não agradou em suas andanças. Às vezes, fico pensando como é complicado indicar algum lugar ou destino, pois é muito pessoal. Como agente de viagens, procuro sempre deixar claro que tal dica foi a minha experiência, e que nunca deixe de viver o acaso que pode acontecer na sua viagem, ele pode te surpreender. Pensando nisso, a convite da Access e da Kangaroo Tours, fiz as malas e fui tirar as minhas próprias conclusões sobre o Marrocos.
Fatos sobre o Marrocos
Antes de mais nada, o Marrocos é um país localizado no norte da África. Historicamente, foi habitado por diversas populações árabes e berberes, e ainda colonizado por franceses e espanhóis. Atualmente, o Marrocos é um dos principais atores geopolíticos da África, assim como é uma das economias mais desenvolvidas desse continente.
Nessa narrativa, vou inverter as ordens e começar pelo que mais gostei, afinal qual a razão em deixar por último a minha opinião?
Se você já leu algum dos relatos meus, claramente sabe que sou fã de comer e beber. Para mim, a gastronomia local diz muito sobre a cultura de um povo. Em um país com influência espanhola, francesa e árabe no mínimo, me causou grande curiosidade gastronômica.
A culinária marroquina
Qual é a primeira coisa que vem à sua cabeça quando ouve gastronomia marroquina?? Aposto que é cuscuz, não é mesmo? Para mim também era.
Mas para a minha surpresa, o Marrocos é muito mais que cuscuz. A culinária marroquina é reconhecida por sua autenticidade, sabores, cores e cheiros exóticos. As especiarias são usadas abundantemente. Nesse sentido, canela, cominho, gengibre, sésamo, açafrão e pimenta preta são apenas alguns dos exemplos. As azeitonas, limões e laranjas são muitas vezes usados para confeccionar os pratos.
Por tradição, no Marrocos come-se com a mão direita – o polegar e os três primeiros dedos – e o pão está em todas as mesas como acompanhamento – aliás comi os melhores pães. A tradição manda que se coma de uma única travessa comum por todos que se sentarem à mesa. Mas, nos restaurantes, há sempre talheres para poder comer se não se sentir à vontade para comer com as mãos (eu só comi com talheres Kkkkk).
Depois de 8 dias de viagem a balança me entregou, para mim a comida foi o ponto altíssimo da viagem!! Além de experimentar tudo, ainda fiz aula de culinária. Alguém arrisca? Se der errado, a gente pede pizza! Hahahaha
Quem participou da aventura?
Estávamos em 5 agências de viagens, 1 operadora e 1 representante de DMC (Destiny Management Company) e foi fundamental a conexão entre nós. Fiquei extremamente feliz em saber que tem tanta gente boa no mercado, agências com propósito e com foco no atendimento ao cliente tanto quanto nós!
Carinhosamente chamada de mainha, Flávia é de Salvador e está há mais de 30 anos no ramo. Como toda baiana arretada, sabia de tudo e deu muita dica legal para todos;
A Gabi 01 está somente há 4 anos no ramo, domina como poucos a arte da venda on-line pelo Instagram de viagens de luxo, e não hesitou em ensinar a galera a ficar ainda mais digital;
A Isa é a representante da Access, quem nos convidou para a viagem, e cuidou de tudo para nós. Dessa forma, não tivemos imprevisto algum. Obrigado, Isa!;
Já o Junior tem quase 15 funcionários e comanda uma baita agência em uma cidade do interior do Mato Grosso, grande inspiração;
Celso, diretor da Kangaroo em Goiânia, é um japonês engraçado e gente fina. Não tinha tempo ruim com ele, topava todas o tempo todo.
Gabi 02, carinhosamente chamada de Bibi, era a mais novata da turma. E brilhavam os olhos quando falava de viagem. Ao fim, agradeceu a todos e disse que tinha aprendido bastante, mal sabe ela que nos ensinou muito também.
Sempre acreditei que viagens são ferramentas de desenvolvimento cultural, social e pessoal. E acredito muito que viajar é se conectar com culturas, lugares e pessoas. A conexão com essa turma foi fundamental para que pudéssemos aproveitar cada segundinho do que estava programado.
O roteiro
Tanger
Nossa primeira parada foi Tanger, cidade localizada ao norte do Marrocos, situada às margens do estreito de Gibraltar*, o cabo spartel é o encontro entre o mar Mediterrâneo e o oceano Atlântico.
Nosso voo atrasou, e chegamos com fome. Fomos direto ao Tangerino, restaurante com vista para o mar e fomos recebidos com um vinho branco marroquino, polvo grelhado e uma paella no capricho, gastronomia marroquina com forte influência mediterrânea dando as boas-vindas!
Foi nessa cidade onde houve o mundial de clubes em fevereiro. Além de visitar a Medina e a Gruta de Hércules – que foi legal, o ponto altíssimo foi a hospedagem no recém-inaugurado Fairmont Tazi Palace. Um pequeno palácio transformado em hotel, com muito requinte, luxo e ótima localização.
Tanger, em suas devidas proporções, achei uma cidade parecida com Curitiba, cidade limpa e organizada e com muito turismo de negócios pela proximidade com a Europa. Depois de praticamente um banquete no hotel para o jantar, simplesmente experimentamos de tudo no cardápio no melhor estilo “para compartilhar”, na manhã seguinte seguimos para a cidade azul.
Chefchaouen
Chefchaouen é, disparada, a cidade mais instagramável que já visitei (palavra da moda Kkkk).
Antes de mais nada, existem várias teorias acerca dos motivos para essa cidade ser toda pintada de azul, desde espanta mosquitos até a chegada dos judeus na década de 30 para identificação das suas residências. Achei super bonitinha, e a hospedagem ficou por conta de um Riad pequeno e charmoso dentro da medina. À noite, ainda teve um banho marroquino que foi interessante.
Fez
Seguimos viagem via terrestre para Fez e, no caminho, conhecemos Volubilis, cidade fundada no século III A.C. que chegou a ser a capital do antigo reino Mauritânia. Também visitamos a cidade de Meknes, onde sua medina está na lista de patrimônio mundial da Unesco. Gostei bastante do Mausoléu Moulay Ismail, todo em mosaico feito à mão, obra de arte a céu aberto!
Por fim, na sexta-feira, dia 24, final de tarde chegamos ao hotel em Fez. Foi nesse instante que a viagem para mim pivotou! Um apto de 70 m² me esperava no elegante Hotel Sahrai. Chegamos e já fizemos um site inspection: o spa da Givenchy é um espetáculo à parte, e são apenas 3 no mundo todo! À noite, fomos jantar no sensacional Maison Blanche.
Novamente compartilhamos os pratos e a comida estava deliciosa, dessa vez regada a um vinho tinto marroquino que foi aprovadíssimo.
O dia seguinte foi muito especial. O turismo para mim é muito mais do que fazer as malas, carimbar o passaporte e partir. Acima de tudo, para mim, é teletransporte cultural, é observar o mundo de um outro ângulo, é perceber o que realmente importa para as pessoas. Gosto muito de parar em um local e ficar observando as pessoas que lá residem, e a Medina de Fez foi um caldeirão cultural que me proporcionou tudo isso.
Se você segue a Labadee no Instagram (@labadeetour), viu que até exagerei em fotos de pessoas, artesãos e mercados diferentes, né? Havia desde pratos de bronze feitos à mão até cabeças de dromedário e carneiros vendidos livremente nos balcões dos mercados!
Fez irradia uma aura singular. É rica num passado de prestígio e reserva surpresas inesperadas.
Fez e o mais tradicional do Marrocos
Algo medieval permanece na maior área urbana livre de carros do mundo: burros transportam mercadorias pela meada de becos. Fez El Bali (antiga Fez) é um labirinto de ruas sinuosas com monumentos e mesquitas centenárias. Tão bem preservados quanto a arquitetura tradicional são os ofícios tradicionais praticados ali há séculos: esta é uma rara oportunidade de ver quantos tesouros distintamente marroquinos, de couro fino a potes de cobre, são feitos.
Cerca de 90 mil pessoas ainda vivem na Medina de Fez. De antemão, pode parecer que está em um estado de perpétuo pandemônio; alguns visitantes se apaixonam instantaneamente e outros ficam assustados.
Mas, seja como for, seus encantos são muitos: becos aparentemente sem saída levam a praças com fontes requintadas e ruas repletas de barracas de comida aromática, telhados revelam um mar de minaretes e portas curvadas revelam artesãos incansáveis.
Saindo dali, o choque foi ainda maior, pois fomos para o curtume de Fez chamado Chouwara Tannerie, o maior da cidade e localizado dentro da medina.
Curtume de Chouwara Tannerie
A vista é de vários homens andando entre tanques de diversas cores. O couro cru é levado para o tanque e, depois de horas pisando para que fiquem macios, eles atingem a cor desejada. Nos tanques, o principal ingrediente são excrementos de pombo, além de ácido e urina de vaca, então imagine o cheiro. Ao entrar, você ganha um raminho de menta para colocar no nariz, mas nesse dia o vento não nos favoreceu.
Todavia, olhar aquilo a olho nu foi uma das experiências mais genuínas que tive, uma volta a um período mais tradicional diante dos meus olhos em pleno século 21.
À noite aproveitamos para fazer uma visita ao espetacular hotel Riad Fez, um relais chateaux de 30 apartamentos situado dentro da medina que nos proporcionaram um delicioso jantar marroquinho.
Finalmente, na manhã seguinte, arrumamos as malas cedo e partimos para a cereja do bolo: a tão esperada Marrakech com hospedagem no icônico hotel La Mamounia.
Marrakech
Desde que me conheço, sonhava em me hospedar nesse hotel: atemporal e moderno, radiante e íntimo, oriental e aberto ao mundo, luxuoso e autêntico, mítico e vibrante. O La Mamounia é tudo isso e mais um pouco, é um palácio no coração de Marrakech – que esse ano completa 100 anos!
Da mesma forma, os dois dias inteiros que ficamos em Marrakech foram extremamente intensos e muito bem aproveitados: voo de balão, aula de culinária marroquina, passeio de camelo, visita ao Inara Camp no deserto de Agafay, o incrível jardim de Majorelle, o Palácio Bahia e a praça mais maluca que já vi na vida: Jamaa El Fna, ali fiquei uns 20 minutos assistindo aos encantadores de serpentes que até então só tinha visto em filme.
Disparado o melhor restaurante foi em Marrakech, anota essa dica ai: La Maison Arabe.
Uma das noites, mesmo muito cansados, encaramos uma volta a pé pela região de Hivernage, um bairro super chique pertinho do nosso hotel. Marrakech tem uma pegada elegante francesa, com noite vibrante e bares/restaurantes super descolados. Por lá é extremamente seguro andar a pé entre carrões e carruagens.
Em resumo…
Donos de uma cultura própria, um povo extremamente educado e hospitaleiro e uma gastronomia ímpar. Em suma, o Marrocos me surpreendeu muito como destino. Arrumei as malas, fui e vi com os meus próprios olhos e, como resultado, tirei as minhas conclusões: voltei apaixonado pelo país!
Obrigado Kangaroo Tours e Access pela oportunidade. Aos colegas de viagem, valeu demais a parceria!!!
Shukran Marrocos!!!
Um forte abraço,
João Guilherme Rebellato
Este texto não tem objetivo de promover algo, é apenas uma crônica de viagem. Se você se viu em meu relato e gostaria de comentar algo ou tirar alguma dúvida, ou se possui dicas e sugestões, é só dar um grito aqui: joaoguilherme@labadeetour.com.br
* O estreito de Gibraltar é um estreito que liga o mar Mediterrâneo com o oceano Atlântico, situado entre o extremo sul da Espanha e o norte do Marrocos, no noroeste da África. Tem 58 quilômetros de comprimento e estreita-se a 13 quilômetros de largura entre a ponta Marroquina e a ponta Cires.